quarta-feira, 4 de março de 2009

ELA

- “Como se si chama?”
- “Eu me chamo Evelyn e você?”
- “Lalissa”

Esse foi o nosso primeiro diálogo.

Você era uma nenenzinha bochechuda, com a carinha toda suja e usava uma fralda já bem gasta e fedida. Eu era uma garota recém-chegada na cidade, ainda assustada e a procura de um lugar onde me sentisse útil e pudesse ajudar. Assim, cheguei até você e a outras 20 crianças que possuíam um olhar que parecia dizer “me ame, por favor,”.

E amei. Amei você e todos aqueles pequenos como se fossem algo muito meu, algo que eu não conseguiria me desfazer jamais. Sofri com e por vocês. Também brinquei, dei risada e voltei a ser criança junto a vocês. Ouvi segredos, ouvi histórias e dei tudo de mim, até me sentir sugada, mas querendo dar mais, sempre mais.

De tanto querer dar tudo o que tinha e não tinha em mim, você, a mais pequenininha entre todos, se agarrou a esse amor como se fosse a sua maneira de ser forte. Com certeza você não vai lembrar, mas, você acordava logo que eu chegava e só tomava o seu leitinho no meu colo. Você também gostava de dormir depois do almoço comigo cantando pra você. Claro, sobrava para eu ter que trocar as suas fraldas, dar banho e dar broncas. De repente, já estávamos tão próximas uma da outra, que nossas vidas se interligavam. Não sabia mais viver sem pensar em você, passar um dia longe de você, e foi por isso que resolvi te levar para passar um final de semana comigo em Sorocaba.

Quando fiz isso, fiz porque te queria perto de mim. Sabia que um dia eu poderia estar longe e, talvez, nem te visse mais – e como doía pensar nessa possibilidade. Só não imaginei que quando te levei para Sorocaba, estava, na verdade, levando a minha irmãzinha para casa.

Agora, quando olho para você, às vezes nem lembro de tudo o que passamos. Nem me lembrava do nosso primeiro diálogo. Você mudou tanto a vida da casa, o ar, a harmonia, que parece que tudo começou desde o dia em que você chegou. Em fevereiro fez três anos que você chegou em casa, mas parece que você sempre esteve ali para alegrar as nossas vidas e dar uma razão a mais para nos alegramos todos os dias.

Claro que, como irmãs, já temos nossas briguinhas, nossas birras e nossas graças, e sei que estou em dívida contigo porque te dei uma bicicleta e até hoje não te ensinei a andar nela direito!

Mas, o que eu quero te dizer é que já não sei mais o que seria da minha vida sem você. Seu abraço e o seu sorriso fazem tudo ficar muito mais lindo. Apesar da distância, aprendo a te amar cada dia mais. Se antes era você quem parecia depender do meu amor, agora sou eu quem já não sei mais o que seria de mim sem o teu. Obrigada por me fazer tão feliz!


Ah, e prometo que vou te ensinar a andar de bicicleta ainda este ano!

Você pequenininha, em 2003 - primeira viagem com a família Araripe


Com a mamãe, no dia em que foi para casa - pra ficar pra sempre!!!!

Você hoje! Parece uma mocinha e está quase do meu tamanho (como se isso fosse difícil!)

4 comentários:

  1. O que mais uma mãe pode desejar, tendo em sua vida filhas como essas? Amo-as mais que a minha própria vida!

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  2. Lindo o seu texto, pequena! Tenho muita admiração por você e essa sua família maravilhosa!

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