quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Novos ares

Esse blog decidiu respirar novos ares e agora ele se encontra AQUI.

Até lá!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Existe vida lá fora

Passei um bom tempo longe desse blog e agora resolvi voltar.

Nos últimos meses muita gente me cobrou algum post, alguma história, algum dizer e, apesar de saber que tem muita coisa matutando aqui na minha cabeça, eu estava com vontade de ficar em silencio.

Antes de ir para a Europa, avisei a todo mundo que eu postaria novidades sobre a viagem com frequência. Mas a cada cidadezinha que passavamos eu não conseguia desejar escrever. Ficava com o receio de perder tempo postando enquanto existia tanta coisa para se viver lá fora.

Voltei da viagem e continuou o sentimento do "existe vida lá fora"! Por isso sumi! E isso não é muito difícil para quem já não tem muitas afinidades com o computador!

Mas, entre as promessas de ano novo - que não foram muitas - ficou a de voltar a escrever no blog. Porque, no fim, é muito bom compartilhar histórias com as pessoas. Claro que prefiro fazer isso na mesa de um bar, durante uma cicloviagem... mas a internet está aí, para aproximar as pessoas ou fazê-las se encontrarem.

Então, começo o segundo ano de vida desse blog desejando um feliz-ano-feliz para todo mundo com muitas quilometragens de histórias.

Enquanto não começo as minhas aventuras, deixo aqui a dica de dois amigos guerreiros que nesse exato momento pedalam rumo a Porto Alegre. Eles sairam de São Paulo nessa última quinta-feira. Se quiserem acompanhar a viagem, acessem o blog deles AQUI.

Eles prometeram postar notícias da viagem rotineiramente, mas até agora, NADA! Tudo bem... entendo eles... existe muita coisa para se viver lá fora=)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Matando saudades... PEDALINAS

Já vai fazer um mês que eu voltei e ainda estou tentando colocar a vida no lugar. Também, é impossível voltar igual de uma viagem dessas!

Aos pouquinhos, também vou matando saudades dos amigos, dos lugares e dos movimentos das bicicletas pela cidade. Esse sábado será a vez de matar as saudades das Pedalinas: meninas de bike, experientes ou não, trocando idéias sobre o ser mulher pedalante em São Paulo. De quebra, ganhamos um dia lindo de pedal em boas companhias. Amanhã vai ter um piquenique depois da pedalada! ADORO!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Os lares doces lares da viagem

Quando eu falo que a Alemanha tem uma infraestrutura maravilhosa para se viajar de bicicleta eu não falo apenas das ciclovias, das paisagens maravilhosas que só é possível conhecer a pé ou a bordo de uma bicicleta... mas eu falo também da qualidade das informações, inclusive para hospedagem.

Tá certo que passamos por um perrengue para achar um lugar para dormir na primeira noite. Mas nos dias seguintes foi tudo incrível. Não houve nenhum lugar que não tenhamos penado para achar um "zimmer frei" (cama livre). Muitos lugares fechados ou lotados. Mas em todos os lugares achamos pensões, bed and breakfast's ou hotéis muito aconchegantes, daqueles que dão vontade de ficar um dia a mais.

Nas livrarias de Berlim é muito fácil achar os guias das centenas de rotas para cicloturismo, com mapas, dicas de lugares para visitar e dormir - tudo em alemão, claro! Mas dá pra se virar muito bem com estes guias sem entender o idioma. Comprei o guia da nossa rota. Ajudou muito, pois nem sempre foi fácil achar as placas indicando a nossa rota pelo caminho. Varia conforme a região. Mas o bom é que nesse guia também há indicação de lugares para dormir, com opções para todos os gostos e bolsos em um programa denominado Bett und Bike ou Bed and Bike ou, simplesmente, Cama e Bicicleta!

E de pedaladas em pedaladas, campainhas em campainhas, achamos lugarzinhos super aconchegantes. Alguns com café da manhã, outros não... mas todos muito especiais e sempre com lugares seguros para guardarmos as nossas magrelas. Na Alemanha, inclusive, a preços muito simpáticos. A hospedagem mais cara custou 45 Euros para o casal. E foi num hotel delicioso, em uma antiga fábrica de alguma coisa onde hoje funciona um cinema, um restaurante delicioso e um hotel! Na Dinamarca os preços já ficam mais salgados, mas não podemos reclamar. Apesar de mais caros, na manhã seguinte sempre pegávamos a estrada felizes e descansados. Uma coisa primordial para o sucesso de uma cicloviagem!


Essa foi a casinha que ficamos em Fursthenberg/Havel, no segundo dia da viagem. Ficava no quintal da casa de uma senhorinha muito engraçada e que conseguia se comunicar conosco de um jeito perfeito! O quintal ainda era regado a macieiras e era cortado por um riozinho.
Manhã em Neustrelitz. Eu me alongando após uma noite muito gostosa no único hotel em que nos hospedamos na viagem
O quintal muito fofo da pensão mais aconchegante da viagem, em Waren/Muritz. Aqui ficamos em uma pensão chiquérrima. Era um mini apartamento hiper equipado e tudo muito lindo e arrumado. Nessa cidade as hospedagens eram caríssimas, pois é uma cidadezinha turística dentro do Parque Nacional de Muritz, cortada por um lago gigantesco que mais parece um mar e as pessoas vão para pescar e passear de barco, lanchas, etc e tal. Mas depois de procurarmos muito, achamos este lugar lindo. Os donos nos cobraram um preço simbólico de 40 Euros (pois devia valer muito mais) e entendemos - em alemão - que eles disseram que gostavam muito de ciclistas e por isso nos fariam um preço especial. No dia seguinte saímos muito cedo, mesmo assim tinha café da manhã nos esperando! Na hora de pagarmos pelo café - que não era incluso na diária - eles falaram que era presente, não precisávamos pagar nada! Toda essa mordomia graças às bicicletas!

Primeira noite na Dinamarca, em Sttubkobing, onde alugamos uma casa. Sim... uma casa alugada com o dono de um boteco muito animado - onde rolava um tornei barulhento de sinuca. Nesse dia deu até para fazer janta! Ah, chegamos no dono dessa casa graças a uns pescadores bebados muito engraçados que conhecemos na entrada da cidade. Eles nos deram cerveja dinamarquesa, bateram papo, contaram histórias divertidíssimas e ainda queriam que dormíssemos "na faixa" em um quartinho bagunçado no "QG" dos pescadores! Só não aceitamos porque estávamos muito cansados, queríamos tomar banho e dormir em uma cama de verdade! Mas ficou o contato e a amizade com os pescadores divertidos!

Na penúltima noite da viagem, dormimos nesse Bed and Breakfast em Faxe Ladeplads. Um casal de senhores muito fofo que nos hospedou e nos tratou como se fossemos filhos deles. A casa, chamada de "Casa Betula" ficava a uma quadra da praia e deu até para vermos o por do sol lá.


Quem quiser saber mais do Bett und Bike pode acessar o site do programa aqui.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os alemães só falam alemão


Quem foi que disse que o inglês é língua universal?! Muita gente chegou a me perguntar se eu estava estudando alemão para ir à Alemanha. “Claro que não!”, eu respondia. “Vou me virar com o inglês”. E como resposta ainda recebia a afirmação de que com o inglês é fácil se virar lá na Europa.

Não é fácil. Pelo menos se você estiver na Alemanha. Os alemães falam alemão. Em Berlim ainda é mais fácil se virar com o inglês. Saiu de lá, esqueça. Se você não fala alemão, pegue o dicionário e comece a ensaiar algumas palavras de sobrevivência.


O duro foi descobrir isso no nosso primeiro dia de viagem. Além de encararmos chuva na maior parte do trajeto – aliás, o único dia de chuva! – e levar 40 km para achar a primeira placa indicando a nossa rota, descobrimos na primeira parada que a língua inglesa não é muito conhecido por lá. Dicionário na mão e em troca o nosso primeiro café quentinho com uma torta caseira na viagem. Começamos bem!


Uns 80 quilometros depois de ter saido de Berlim, sentimos que já estava na hora de parar. Cidade escolhida para dormir: Oranienburg. Uma cidadezinha aconchegante, cortada por um rio, com um castelo bem no meio da cidade e ares de interior. É lá também que está o campo de concentração nazista mais próximo da capital alemã, o Sachsenhausen, e o primeiro deles que visitamos. Sensação bem estranha e um silêncio absurdo e angustiante.


Depois da “experiência”, hora de procurar um lugar para dormir. Mapa e guias de pensões na mão, cara de dúvida e uma voz – em alemão – que parecia perguntar se precisávamos de ajuda. Uma senhora numa bicicleta e muitas flores na mão perguntava se precisavamos de alguma coisa. Mostramos no dicionário uma frase que dizia que procurávamos um lugar para dormir. Mostramos os endereços e ela pediu para que a seguíssemos. Seguimos, e confesso que com dificuldades. A senhorinha pedalava pra caramba! Primeira parada: pensão fechada. Segunda, também... terceira, quarta... tudo fechado! Entendemos que a nossa “guia” dizia que nessa época tudo já está fechado. Para nós ainda era final do verão, para eles, pelo visto, a empolgação da época mais quente do ano na Europa já havia acabado.


Por fim, fomos para num motel na beira da estrada. A senhora ainda conosco e mais um lugar fechado. Ela decidiu nos levar para casa dela. Ficamos confusos. Uma pessoa que nunca vimos na vida, que sequer falavca o mesmo idioma com a gente, dizia por meio de uma língua estranha e gestos que nós iríamos com ela. Mas, os donos do motel apareceram. Também não falavam inglês. Ela explicou a situação. Quase implorou e convenceu os donos do motel a nos hospedarem.

Assim foi a nossa primeira noite na rota Berlin-Copenhagen. Num motel fechado beirado por uma estrada e um rio e o primeiro anjo da viagem: Uma senhorinha que pedalava muito e que atendia pelo nome de Zarra (não sei se é assim que escreve, mas é assim que se pronuncia). Até agora fico me perguntando se ela era de verdade!

As fotos da aventura estão neste link.

sábado, 17 de outubro de 2009

A cidade que não precisa de Dia Mundial sem Carro

Quando planejei fazer a rota Berlin-Copenhagen nem me dei conta de que chegaria na capital Dinamarquesa exatamente no Dia Mundial sem Carro. Quando percebi, fiquei mais empolgada ainda. Fiquei imaginando quanta coisa bacana não deveria rolar por lá nesse dia. Critical mass, ruas interditadas para os carros... enfim... devia ser incrível.

Um pouco antes de embarcar para a Alemanha, comecei a pesquisar se existia algum site da massa crítica dinamarquesa. Nada! Achei alguns sites e blogs de grupos que pedalam por lá. Mandei e-mails e a resposta que recebi foi: "Copenhagen tem 500 mil ciclistas que pedalam diariamente pela cidade. Isso é uma tremenda massa crítica diária, não?! Nós não precisamos de Dia Mundial sem Carro!".

A resposta foi um tremendo balde de água fria ao mesmo tempo que pensei "poxa, essa cidade deve ser realmente genial para os ciclistas". Uma cidade onde 30% da população utiliza a bicicleta como meio de transporte, realmente, não deve precisar se mobilizar para o Dia Mundial sem Carro. Não deve precisar de massa crítica. Não deve ter que se preocupar com nada.

Ao longo da viagem pela Dinamarca, antes de chegarmos em Copenhagen, ouvimos muita gente dizer que lá era a cidade dos ciclistas, que as bicicletas ganharam tanto espaço, tantos recursos, que logo logo iriam criar uma massa crítica dos veículos motorizados, reinvidicando mais espaço para eles! Ficávamos imaginando o paraíso que devia ser aquele lugar!

E foi no dia 22 de setembro, por volta das 14h, que chegamos em Copenhagen. Sim, haviam muitas, muitas bicicletas. Ciclistas que pedalam rápidos e agressivos. Pedem para você sair da frente, se aglomeram nos semáforos exclusivos de bicicletas, causam congestionamentos nas ciclofaixas... uma verdadeira loucura. Ficamos assustados. Assustados porque a impressão que se tem é de que as bicicletas não foram a solução para o caos da cidade grande em Copenhagen. Elas fazem parte do caos. Muitos ciclistas até lembram os motoristas estressados de São Paulo.

Por falar em motoristas... também haviam muitos deles por lá. Muitas bicicletas e muitos carros. A população diz que há mais bicicletas do que carros na cidade. Mas ninguém nega que, ainda assim, há bastante veículos.

No final das contas, a conclusão que se chega é que Copenhagen é linda e um lugar incrível para se conhecer de bicicleta - mas esteja preparado para ouvir ciclistas estressados pedindo passagem. E ainda que o trânsito de bicicletas seja um tanto quanto caótico, ainda é infinitas vezes melhor do que o caos do trânsito de motorizados. Pedalar é maravilhoso em qualquer lugar e os moradores de Copenhagen se orgulham do "caos ciclístico" da cidade. Mas, uma coisa é certa: Copenhagen precisa, sim, de massa crítica e de um Dia Mundial sem Carro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De volta pra casa


A bandeira lá no alto parece ser para lembrar: "existe um país te esperando".

Mal chegamos em Copenhagen e ela já estava lá no alto. Ela, a bandeira do Brasil, parecia nos dar as boas vindas ao mesmo tempo em que parecia estar hasteada só para atiçar as saudades de casa. Perguntamos para o nosso amigo que nos hospedou se ele sabia o significado da bandeira brasileira tão grande hasteada em uma região bem central da capital dinamarquesa, mas ele nem havia reparado que ela estava lá. Seria uma miragem?

No último dia um funcionário da prefeitura - Rathaus em dinamarquês - nos explicou: na Dinamarca existe uma tradição de hastear em frente ao imóvel a bandeira do país de quem está hospedado naquele lugar. Quem seria o ilustre brasileiro hospedado ali?

Mais tarde, já em Munique, desconfiamos que poderia ser o presidente Lula e o "rei" Pelé. Já que na mesma época os dois já circulavam pelas bandas nórdicas à espera de um anúncio da cidade sede das Olimpíadas de 2016 - aliás, foi em Munique mesmo, ao receber os "Parabéns", que descobrimos que o Rio de Janeiro havia sido a cidade escolhida para sediar a tal Olimpíada.

Mas a verdade é essa: por todos os lugares onde passávamos alguma coisa nos fazia lembrar que havia um Brasil nos esperando. Um Brasil que não é organizado como os países em que passamos, onde as pessoas não são tão educadas e inteligentes como as deles, onde os motoristas não aguardam bem devagarinho atrás de você em sua bicicleta até surgir a oportunidade dele te ultrapassar a 3 metros e meio de distância... Mas, um Brasil onde apesar dos pesares as pessoas sorriem, onde há muito calor ambiente e humano, onde há muitas frutas, legumes e verduras a preços camaradas - porque falar "preço de banana" na Europa é o mesmo que falar preço de caviar com Champagne no Brasil - e onde há samba, arroz e feijão.

Calor. É calor que falta por lá. Calor humano, calor de vida e alegria. Eles são quase perfeitos, mas fiquei me perguntando porque é que eles não são felizes? Porque é que eles não sorriem?

O outono chegou e o frio veio junto com ele. Foi aí que um venezuelano ciclista no trem me explicou que na Europa as pessoas ficaram frias junto com o frio. Talvez seja essa a melhor explicação.

E foi por isso que apesar de todos os pesares brasileiros eu resolvi que o melhor mesmo é seguir a bandeira que vi hasteada no centrão de Copenhagen.


Já estou de volta, em casa.