O rio de Piracicaba
Uma vez alguém me falou que as pessoas tendem a gostar mais das cidades onde viveram enquanto cursavam a faculdade. Isso porque são nessas cidades que elas intensificam sua vida cultural, social, independente... No meu caso, essa teoria se aplica perfeitamente.
Cresci em Sorocaba e aos 17 anos mudei para Piracicaba para cursar a faculdade. Foi lá que aprendi a me virar sozinha, trabalhar, pagar as contas, fazer comida, faxina e, até mesmo, pedalar no trânsito! Foi lá que construí e descontruí muita coisa, conheci muita gente, me despedi de tantas outras e acumulei histórias e experiência que carrego comigo até hoje e me fazem ser quem eu sou. E a vida lá foi tão boa e intensa, que sempre achei que lá era a cidade da minha vida, onde eu ficaria para sempre e nunca precisaria ir embora.
Mas, também, numa cidade onde as pessoas tem orgulho te ser caipira, o som da viola é tão presente quanto o som do vento, as águas do rio parecem mover toda a cidade, os patrimônios históricos são belos e ocupados por uma sociedade que é uma mistura de jovens estudantes começando a vida, pessoas mais velhas que não quiseram sair dali e trabalhadores que chegaram lá no embalo do crescimento do setor canavieiro. A cidade é uma mistura, e as pessoas de diferentes jeitos e idades se misturam para ouvir seresta, comer peixe e apreciar o rio.
Toda essa poesia que me encantou não foi capaz de me manter por lá. Ainda assim ficaram lembranças de um tempo maravilhoso e uma vontade de, as vezes, retornar. Nesse sábado retorno a Piracicaba. Mas retorno do jeito mais especial que eu podereia retornar: de bike! Chegarei lá como a Evelyn que foi embora da cidade para tentar a vida em São Paulo, levou a bicicleta, começou a pedalar na cidade imensa, conheceu pessoas incríveis e especiais e agora retorna pedalando, como quem pedala em busca de sonhos mas também de lembranças.
Vou com amigos da Bicicletada até lá. Vamos pedalar 160 km para ver o "lugar onde o peixe pára" - esse é o significado da palavra Piracicaba. Chegaremos em época de Festa das Nações, uma festa sensacional que acontece no Engenho Central, antigo engenho de cana-de-açúcar que virou patrimônio histórico e concentra várias ações culturais da cidade. Na festa há barracas de diferentes países, com muita comida e bebida típica, shows de bandas locais e a alegria e jeitinho que só Piracicaba - e os piracicabanos - tem.
No domingo vamos fazer um "Piratour", levando o pessoal de São Paulo a conhecer alguns dos locais mais bonitos da cidade: o lago do bairro Santo Rosa, o bairro de Monte Alegre - que parece ter parado no tempo -, a Esalq, a B.O. (rua badalada da cidade!), sorvete da Paris (único no mundo!), o centro e a Rua do Porto. Um jeito lindo e prático de conhecer a cidade, mas que, tenho certeza, poucos já conheceram. Em Pira ainda predomina a cultura do automóvel. Lá o lindo é andar de carro. As pessoas usam carro para tudo. Até para andar uma quadra. Com isso, deixam de conhecer a cidade do jeito mais bonito de conhecê-la: com calma!
Essa viagem será privilégio - ainda - de poucos!
Sábado, 6h da manhã, saímos da Praça do Ciclista... Chegou a vez de Piracicaba!
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