Minha casa fica a 4 km do meu trabalho - isso fazendo o trajeto mais longo. Muita gente, quando me pergunta a distância de casa para o trabalho, ao ouvir a resposta, responde de pronto: "ah, é por isso que você vai ao trabalho de bicicleta, é pertinho".
Esse tipo de resposta me deixa intrigada, pois não é a distância pequena que me anima a pegar a magrela todos os dias, mas as vantagens como não ficar parada no trânsito, não poluir o ar, fazer exercícios, ser hiper econômico, ser prazeroso, poder observar mais os detalhes da cidade... Mas, ainda assim, tem gente que fala "queria ver se você trabalhasse a 20 km de casa".
Independente das distâncias, essa semana o meu odômetro marcou mil quilometros rodados. Em dois meses. Ou seja, fiz uma média de 500 km por mês. Na hora que vi o marcadorzinho digital cravar 1000 km fiquei boba de alegria. Fiquei pensando, será que é muito?, será que é pouco?, será que é razoável?. Independente de qualquer resposta, senti que vivi. Vivi por aí a pedalar, conhecendo lugares, pessoas, cheiros, paisagens... fiquei tentando relembrar por onde andei nesses mil quilometros. A cidade, os parques, os piqueniques, a viagem do carnaval, as Bicicletadas, a WNBR, as pessoas que fizeram parte da cada quilometro pedalado...
Resumindo, pedalar pode ser mais do que se locomover. Pode ser a oportunidade de vivenciar momentos únicos e inesquecíveis. A pedalada mais marcante da minha vida, foi exatamente a mais longa: Ubatuba. Ao todo, foram 250 km pedalados, divididos em dois dias.
No primeiro dia, pedalei 150 km de São Paulo até Taubaté. Apesar da rodovia boa, as subidonas e vento contra fizeram a viagem ser muito cansativa, sem contar o sol que fritou as minhas costas, braço, rosto, lábio... foi bom para aprender que protetor solar é indispensável nessas viagens! Mas, cheguei ao final do dia muito satisfeita por ter aguentado.
No dia seguinte, 100 km de pedal até Ubatuba. Apesar de ser uma distância menor que a do dia anterior, foi um milhão de vezes mais difícil. Além do cansaço do primeiro dia, a estrada tinha muitas, mas muitas, subidas e um vento que batia forte na direção contrária, de tal forma, que era preciso pedalar até nas descidas.
O desafio, a ansia de chegar na praia pedalando, a natureza, o vento, a força que saia de mim sem eu saber da onde vinha... tudo isso me fazia refletir a cada pedalada. Em alguns momentos pensava em desistir, noutros surgia em mim um ânimo e uma força que eu acreditava ser capaz de pedalar mais mil quilometros sem parar...
Foi uma explosão de sentimentos. Horas me vi sorrindo, horas fechei os olhos e abri os braços para sentir melhor tudo aquilo, horas chorei que nem criança por causa do cansaço e do medo da idéia de não aguentar. Ao final dos 250 km pedalados, eu já não me sentia mais a mesma pessoa. Foi transformador.
E pedalar é isso: uma transformação diária. É um exercício que te faz mais sensível aos sentidos. Por isso, não pedalo até o trabalho por causa da distância, mas pedalo pelo prazer de experimentar e viver a cidade de um jeito diferente. A distância acaba virando um mero detalhe.
domingo, 5 de abril de 2009
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Lindo post vizinha. Concordo com tudo que disse, pedalar transforma. Independente da distância.
ResponderExcluirConcordo plenamente. Hoje se percebo que o trajeto é de 20, 30Km, penso "Oba, é perto"! De bike, claro.
ResponderExcluirE se o trajeto é muito curto, "Ah, pena que é só isso!" De bike, claro.
ResponderExcluirReforço o que disseram os três aí em cima. :)
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