Tudo certo, um pequeno atraso, 7h45 começamos a girar o pedal sentido Sorocaba. Éramos em cinco ciclistas e o dia estava lindo, ensolarado, muito trânsito na marginal, que fazia nos enchermos de orgulho por andarmos de bicicleta – não ficamos parados, não pagamos pedágio, fazemos exercícios, somos felizes!
Para mim o mais gostoso dessa viagem era que, pela primeira vez, me sentia muito segura para encarar a estrada pedalando. Não sei se isso é bom, mas como já tinha experimentado a Castelo Branco duas vezes, ido até Santos, até Ubatuba... dessa vez sabia que agüentaria até o final. Mas... no meio do caminho tinha um carro!
Quando você pedala em uma estrada, você sente coisas impossíveis de perceber dentro de um carro ou um ônibus. Por exemplo, vocês já repararam que após o km 53 da Castelo, sentido interior, há uma subida longa de 11 km de extensão? Pois é, quem já pedalou ali, sabe bem o que estou falando. A subida não é muito íngreme, mas é extensa, o que a torna muito cansativa. São 11 km girando o pedal sem descanso.
Nas vezes anteriores sofri para encarar esta subidona. No começo parece tranqüilo, mas no meio dela o cansaço e o suor intenso aparece. Mas, dessa vez eu estava muito bem. Entrei na subida pedalando na última marcha. A mais pesada. Achei uma cadência legal e segui, girando, girando, girando, olhando pra baixo, sentido a brisa, observando a minha sombra e a da bike que corriam junto ao asfalto... estava perfeito, uma sensação deliciosa de ter encontrado o pedalar ideal. Continuo girando, girando, girando a uns 15 ou 20 km/h. O pessoal vinha logo atrás e... de repente, do nada, um carro parado no acostamento.
Não vi nada, não deu tempo. Presa ao êxtase da pedalada gostosa, não vi o Gol parado no acostamento. Fui com tudo na traseira do carro. O motorista e a esposa dele sem entender nada, eu atordoada sem entender menos ainda.
Só me lembro do barulhão que fez e eu sentada encostada no carro. Os amigos chegando pra socorrer e tentando entender o que tinha acontecido. Até agora não sei o que aconteceu. Só sei que consolidei a constatação de que sou uma pessoa um tanto quanto distraída.
Há as versões das testemunhas oculares (Toshio), que disseram que a bike empinou as rodas para trás com a batida e que eu bati o queixo e a cabeça no vidro do carro até cair para a esquerda – eu jurava que tinha caído para a direita. Resultado: passeio de ambulância até a Santa Casa de São Roque – toda imobilizada naquelas macas de madeira -, três ponto no queixo, joelho inchado e enfaixado, um dente quebrado, injeção no bumbum, garfo, bagageiro e roda torta da bike, câmbio zoado e a luzinha do meu capacete quebrada! Que pena, sempre achei aquela luz no capacete uma mão na roda pra pedalar a noite!
Mas, não pensem que isso acabou com o meu carnaval ciclístico. Com a ajuda a da Jú Reis, companheira da viagem, que encarou como uma guerreira sua primeira cicloviagem e se oficializou a nossa enfermeira oficial, no domingo já estava bem, um tanto quanto debilitada, mas pronta para fazer aquilo que tanto gosto: pedalar!
Passamos o domingo pedalando pelas ciclovias sorocabanas. Com curativo no queixo e faixa no joelho consegui pedalar uns 30 km, carregar minha irmãzinha no bagageiro e levar o pessoal para comer a coxinha da Real e conhecer um pouquinho da cidade onde aprendi a pedalar.
Mais uma vez, sentir orgulho de Sorocaba e fiquei feliz pelo acidente não ter prejudicado, de certa forma, o carnaval pedalante. Ah, e me senti mais orgulhosa ainda dos 4 guerreiros que continuaram a viagem e chegaram até Sorocaba firmes e fortes com a sua bicicleta e a disposição de pedalar mais um pouco por aí.
Depois do acidente... já pedalando pelas ruas de Sorocaba (Foto: Jú Reis)
Obs: Com a minha super inteligência para lidar com máquinas, ainda não consegui baixar as minhas fotos. Assim que conseguir, incluio aqui no blog!
Você é realmente uma pessoa iluminada! Acidentes normalmente são coisas ruins, mas com você, o resultado do acidente foi o oposto, quem ouve o Toshio contar a versão como testemunha ocular da história, ou lê esse seu post, não tem como não cair na gargalhada.
ResponderExcluirVida longa à Evelyn!
Só faltou contar da nova habilidade no local do Pedala Sorocaba que eu não vou falar aqui.
ResponderExcluirLindinha
ResponderExcluirAmei tudo que vivenciamos...
Força no pedal!
bj
Nossa Evelyn! Fortes emoções rsrsrs.
ResponderExcluirBom, acho que não devemos pedalar sozinhos então, porque vira e mexe também sou distraído.
Entendo bem como são essas situações em que um carro ou obstáculo "surge do nada" na minha frente.
Vamos preparando nossa concentração para os próximos passeios!
Beijão
JP
Ainda bem que você é igual uma bolinha de borracha. Mal caiu e já está pulando por aí de novo!haha...Mas se cuida querida, gosto muito de você!
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