quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A bicicleta, a roupa e o salto alto

Quando comecei a ir de bike para o trabalho passei a carregar uma parafernália absurda comigo. Saia de casa com uma roupa "bem leve", o tênis e uma mochila com outra troca de roupa, sandália, desodorante, perfume, lenço umedecido, toalha... tudo para garantir que não ficaria cheirando suor. Nada prático. A sensação que eu tinha era que eu levava 15 minutos para chegar no trabalho e mais 15 me arrumando no banheiro.

Com o tempo - aliás, em bem pouco tempo - percebi que não suava mais no trajeto casa-trabalho-casa. Também, são 4 km e muitas retas e descidas. O corpo foi ficando condicionado ao exercício diário e parou de transpirar - ou de transpirar muito, pelo menos! Aí percebi que não era mais necessário tanto peso na mochila.

Mais um tempinho passou e também percebi que algumas roupas que dizem ser para ciclistas não são confortáveis para quem usa a bicicleta no dia-a-dia como meio de transporte. Quer dizer, existe uma baita diferença entre aqueles que usam a bike para praticar esportes e os que usam para se locomover pela cidade. E essa diferença é muito nítida pelo vestuário. Não aguentava mais o troca-troca de roupa. Uma roupa para pedalar, outra roupa para trabalhar, depois a roupa para pedalar novamente, até chegar em outro lugar e não querer ficar andando com aquelas roupas de lycra...

Em agosto teve a Bicicletada dos Executivos. A idéia era exatamente mostrar que a bicicleta também pode ser o meio de transporte daqueles que trabalham com trajes "sociais". E coincidentemente, no dia dessa Bicicletada, tive que trabalhar com estas vestes sociais. Fui de calça social, camisa, terninho e um salto alto fenomenal, que nem sei como consigo parar em cima daquilo. Agora, sei menos ainda como consegui pedalar com aquele trambolho (!).

Quem me conhece sabe que nunca fui adepta dos trajes ajeitados. Sempre gostei de bermudas, vestidinhos, saias, muitas saias, e as rasteirinhas! De repente, subir a Av. Rebouças, de calça social, terninho e um salto de quase 10 cm... foi inacreditável.

Depois daquele dia, desencanei total. Decretei que mochila cheia de parafernálias perfurmadas e roupas para trabalhar nunca mais fariam parte da minha vida! Hoje pedalo de vestido, de saia (lógico que com um shorts por baixo!), de calça jeans, calça social, sandália, rasteirinha, salto alto... Nada disso é problema para mim! E melhor: chego no trabalho, vou direto para minha sala e não perco tempo trocando de roupa.

O mais engraçado é que sinto que, desde que tomei esta decisão, passei a ser muito mais "enxergada" no trânsito. Chama a atenção. Os motoristas já não enxergam os ciclistas direito e, quando enxergam, estão acostumados com com aquelas roupinhas apertadinhas, que fazem o ciclista parecer um anúncio de marcas esportivas ambulante. Agora, quando eles vem uma pessoa em cima de uma bike vestida de uma maneira normal, para eles aquilo deve ser a coisa mais anormal do mundo!

Quem anda de carro, ônibus, metrô, trem, a pé, qualquer opção, não sai de casa com uma roupa para "andar de carro", uma roupa para "andar de metrô"... as pesssoas saem com as roupas comum do dia-a-dia. Por que para quem usa a bike como meio de transporte tem que ser diferente?! É uma questão de costume. Mas, eu garanto, é fácil se acostumar.

Claro que tem alguns imprevistos. Como, por exemplo, o dia que enrosquei o salto da sandália no pedal e cai em plena Rebouças movimentada. Acontece!!! É como estar andando e tropeçar por aí! E esse também é um jeitinho de mostrar que andar de bicicleta pode ser uma coisa acessível e possível para onde você quiser ir, a qualquer hora do dia.

Mas, atenção: capacete e luva são essenciais para quem pedala, independente da roupa. Aliás, acho um charme uma roupinha social, um sapato e um capacete de ciclismo! Tudo a ver uma coisa com a outra!

7 comentários:

  1. Muuuito bom Evelyn!

    Abaixo as roupinhas fosforescentes e apertadinhas!

    Fico com miha calça jeans e camiseta pólo que faz o maior sucesso na rua. hahahahha

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  2. Concordo plenamente!

    Mas se for um percurso longo e/ou com muitas subidas é recomendável usar roupas leves e levar uma roupa para troca, mas para percursos mais leves e curtos, use a roupa que te faça sentir mais confortável.

    E mesmo não ligando para moda, acho muito legal ver ciclistas bem vestidos. Dá mais credibilidade à bike como meio de transporte, tirando a imagem de que bicicleta é só para esporte ou coisa de pobre.

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  3. Evelyn, eu já vi vc pedalando de vestido e percebi a atenção que os motoristas tem ao te ver toda menininha pedalando.
    Não sei se é respeito pela ciclista que se encontra à frente do carro ou pela beleza que se encontra camuflada pelo capacete piscante.

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  4. Capacete e luva não são essenciais para nada nesta vida.

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  5. Adorei o artigo e faço exatamente o mesmo! Cansei de ficar trocando de roupa, é mais fácil andar de salto, na estica! rs.

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  6. Ahhhh, que legal! Pedalo com roupa "normal" também. Ainda não testei vestido, saia e salto alto, mas me animei com a ideia. Abraço e boas pedaladas por aí!

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  7. Ahhhh, que legal! Pedalo com roupa "normal" também. Ainda não testei vestido, saia e salto alto, mas me animei com a ideia. Abraço e boas pedaladas por aí!

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