Foto: JP Amaral
"Vamos virar o ano virando o pedal no Caminho da Fé?"
Esse foi o convite que recebi do meu querido amigo Toni no final do ano passado. A proposta já era tentadora só pela idéia de passar a virada do ano pedalando. Mas, afinal de contas, o que era esse tal de Caminho da Fé?!!
Já tinha ouvido um pouco sobre ele. Sabia que era uma versão brasileira de Santiago de Compostela, onde era possível peregrinar até Aparecida do Norte. Mas, não sabia como funcionava, por onde passava e nem como era possível um ciclista, de repente, virar um peregrino, ou algo assim!
Comecei a pesquisar. Assisti o vídeo do CicloBr e comecei a fuçar no site do Caminho da Fé. Me encantei. Tomei aquilo como um desafio. Encarar aquelas estradas de terra, aquelas ladeiras sem fim, conhecer aquelas pessoas humildes que convivem diariamente com cenários vislumbrantes e uma fé inacreditável. Mas, ainda com receio se aguentaria, se eu tinha uma bike boa para isso e ainda com a proposta de conhecer a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, acabei optando pelo caminho mais fácil, peguei um avião, fui para Brasília e depois para a Chapada. O Caminho da Fé podia esperar.
Já comecei 2009 planejando. Escolhi o feriado de Corpus Christi , em junho, para encarar o trajeto. Com isso teria tempo para me organizar, achar ciclistas interessados em ir comigo e treinar um pouquinho mais - já de olho, também, na cicloviagem alemã, em setembro. Nesse meio tempo pesquisei mais, conversei com muitas pessoas, que já fizeram o Caminho ou que planejam fazê-lo, fiz propaganda, falei dos meus planos, convidei muita gente, mas a única pessoa que desde o dia que a conheci falou que iria com certeza absoluta foi o João, mais conhecido como JP!
Conheci esse garoto em fevereiro, no dia do batizado das bicicletas e piquenique no Parque da Juventude. Desde então, ele passou a pesquisar tanto quanto eu e muitas vezes me vi empolgada com a idéia dessa cicloviagem (ou seria ciclodesafio?!) graças à empolgação dele. Outras pessoas ficaram no "talvez eu vá", mas nunca confirmaram. Mas não tinha problema! Eu estava decidida a ir, nem que fosse sozinha - mas no fundo ficava aliviada com a certeza de saber que teria a companhia do João!
Por fim, adiamos a ida no Corpus Christi. Já estávamos preparados, com as bikes revisadas, pneus trocados - do slick para o cravo de montain bike -, ferramentas a postos e muita ansiedade. Mas, na última hora, a vontade de estar com a família falou mais alto e acabamos adiando para o feriado do mês seguinte, em julho, somente no estado de São Paulo - 09 de julho, Revolução Constitucionalista.
E esse foi o dia que comecei a, enfim, girar o pedal no Caminho da Fé. E se o feriado tem o nome de Revolução, posso dizer que foi também uma verdadeira revolução na minha vida. Foram dias maravilhosos de conhecimento pessoal, força, garra e - porque não?! - fé. Foram quatro dias de pedaladas intensas, passando por lugares maravilhosos, cenários únicos que fazem o cansaço, o sufoco, o suor e - no meu caso - os tombos, valerem a pena. Além disso, fazer o Caminho da Fé é se permitir conhecer um pedaço de Brasil intocado. Intocado nas belezas, nas bondades no coração das pessoas, nos sorrisos, nos pequenos gestos, nas maneira simples de se viver.
Nos próximos dias vou postar relatos sobre cada dia de pedalada e outras histórias interessantes. Mas tenho certeza que não existem palavras nesse universo para expressar o que sentimos quando estamos lá. É como o Toni me definiu quando voltou de lá, no começo do ano: "é preciso viver o Caminho da Fé para entender o que ele significa".
As palavras possíveis ficarão aqui no blog.
As imagens e vídeos registrados pela câmera ficarão no Picasa do João.
As lembraças já estão eternizadas na memória e no coração!
Parabéns pela viagem!
ResponderExcluirMinha Linda,
ResponderExcluirO seu relato é iluminado. Sua fé na vida e principalmente na importância da natureza e da sua preservação é contagiante. A sua luta ambiental já é um grande caminho pela fé.
Amo você...beijos...cris....