quarta-feira, 27 de maio de 2009

As Pedalinas


A gente trabalha, estuda, passeia, se diverte, se cansa, viaja, conversa e, claro, pedala. Todos os dias, algumas vezes por semana, uma vez por mês ou uma por ano. Com roupa de ginástica, de ciclista, de saia, chinelo ou salto alto. Vegetarianas, carnívoras, veganas. De todas as raças, credos, gostos e opiniões. Estilos bem diferentes e variados. Em comum, ela: a bicicleta, e nós: as Pedalinas!

As Pedalinas surgiram após a indicação, na lista de e-mails da Bicicletada, de um site de um grupo de meninas chamado
Fix Withot Dix, que se reunem para pedalar e se divertir juntas em Portland e East Bay, nos EUA. Achamos interessante e fizemos o primeiro encontro no dia 10 de maio para tentar criar algo parecido.

Foi daí que nasceu as Pedalinas. Formado para incentivar as meninas a pedalarem pelas ruas de São Paulo. A idéia do encontros é fazer passeios leves, com bate-papos e trocas de experiências entre meninas que já pedalam e outras que querem dar os primeiros giro no pedal pela cidade.

Já no primeiro encontro, logo de cara, descobrimos como pedalar na cidade ainda é muito associado à imagem masculina e como ainda dependemos dos meninos para nos deslocarmos - erramos o caminho indo da Av. Paulista até o Parque Ibirapuera - e para a mecânica básica da bike - quase sempre tem um ciclista fofo por perto para remendar os pneus furados das nossas bicicletas!

Agora, queremos aprender a nos virar sozinhas e mostrar que pedalar é, sim!, coisa também de menina. De todas as meninas! Unindo nossas histórias, vontades e conhecimentos vamos ver muita garota criando coragem e saindo por aí com as magrelas! Será a invasão das meninas de bicicletas: as Pedalinas!

Os encontros acontecerão todo o segundo domingo do mês, com concentração à 11h na
Praça d@ Ciclista.
A idéia é sempre seguirmos para algum parque - onde podemos fazer um piquenique -, alguma exposição, mostra e, até mesmo, curtirmos juntas um almoço em algum restaurante bacana e amigo das ciclistas!

Dia 14 de junho já terá encontro das Pedalinas! Apareçam!

Conheça melhor as Pedalinas
aqui.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Convite: Bicicletada da Zona Norte

NÃO SOU DA ZN, MAS EU SEI QUE EU VOU!!!
Viva a integração entre as zonas!!

Inspirados na
Bicicletada de São Paulo, que acontece na última sexta-feira de cada mês na Av. Paulista, estamos promovendo uma bicicletada regional na Zona Norte.

Horário diferenciado e o percurso sem ladeiras são ideais para iniciantes que desejem arriscar seu primeiro pedal urbano de baixa velocidade (
Sugestão de Roteiro).

Leve um lanche para curtirmos um piquenique no parque.

Aqui as crianças também poderão se divertir. Leve patins, skate, bicicletinhas, peteca e tudo o que sua imaginação permitir.

É a primeira bicicletada na Zona Norte, contamos com a sua alegria para que seja a primeira de muitas!

Convide família e amigos.
Esperamos por vocês.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Como falar de 160 km em um único post?!

Foto: JP Amaral


Acordar às 4h30 da manhã, tomar um super café, arrumar as coisas na bike e partir para uma cicloviagem de 160 km. Será que é possível relatar tudo isso em um único post?! Tenho certeza que não. Aliás, tenho certeza que para muitas impressões e sensações dessa viagem não existem, sequer, palavras. Cada cicloviagem, cada novo desafio, é uma nova pessoa que volta para São Paulo. Viajar sobre uma bicicleta é se renovar.

Os momentos sozinhos na estrada te fazem refletir sobre a vida e coisas que costumam nem passar pela cabeça. As companhias da pedalada sensibilizam o seu olhar para conhecer pessoas que se fazem especiais pelos detalhes mais simples do jeito de viver. O vento hora suave, hora muito forte que bate no rosto te ensina a ter uma relação diferente com a velocidade das coisas. O cheiro hora de mato, hora de fumaça te mostra como os contrastes estão tão próximos. A dor física brigando com a emoção de viver tudo isso te mostra como o nosso corpo é capaz de ir muito além do que imaginamos...

Foi um pouco de tudo isso que senti – e vivi – nessa experiência até Piracicaba

- 12 ciclistas bem diferentes no jeito de ser, mas todos muito especiais na maneira de viver.
- Uma Rodovia dos Bandeirantes muito mais difícil do que eu imaginava.
- A batata cozida e a granola são os melhores combustíveis para uma longa pedalada.
- Pedalar sozinho na estrada pode ser perigoso, mas ter amigos por perto é a chance de um resgate emocionante da bicicleta – e um ensinamento de que é bom pedalarmos unidos, e próximos!
- Pedalar na estrada assistindo ao por do sol é único.
- Pegar a rodovia Luiz de Queiroz a noite foi amedrontador e cansativo, mas chegar no topo da última subida e avistar Piracicaba toda iluminada foi emocionante e inacreditável.
- Piracicaba continua linda e conhecê-la de bicicleta é admirar ainda mais as belezas e os detalhes únicos desta cidade.
- Deu vontade de ficar...

Acho que Cada tópico vai ter que virar um post. Ainda assim, acho que não vai caber estes 160 km neste blog.

Relatos:
Ecourbana

Fotos:
JP Amaral
Pedalante

Os 12 ciclistas a caminho de Piracicaba


Célia – a idealizadora
A idealizadora da viagem. Piracicabana que pedala pelas ruas de São Paulo sem perder o ar e a graça de quem pedala às margens do Rio Piracicaba. Foi a vítima do “seqüestro relâmpago” da bicicleta na estrada, e mesmo assim não perdeu o animo e a força para continuar os 70 km restantes do pedal. Na chegada em Pira, a família dela nos recebeu com bolo e champagne, bem no estilo receptivo e simpático do piracicabano e que a Célia expressa muito bem como é que é.

Lincoln – o herói
A primeira impressão que se tem dele é de uma pessoa que pedala com sangue quente. Mas na verdade, ele pedala disposto a ajudar qualquer ciclista que esteja em apuros. Por isso, virou o herói da viagem, quando atravessou a rodovia e foi atrás do seqüestrador da bicicleta da Célia. Garantiu a bike de volta, a continuação feliz da viagem e o título de nosso herói.

Gatti – o palhaço
Pedalar ao lado do Gatti é garantia de ótimas risadas. Aliás, é difícil saber quando ele está sendo palhaço de verdade ou de mentirinha. No fim, o que se descobre, é que ele tem alma de palhaço e nasceu para fazer as pessoas sorrirem. Ele é tão divertido, tão divertido, que é possível pedalar ao lado dele num ritmo forte sem perceber que estamos tão forte. A hora que a gente percebe o pessoal lá atrás já sumiu, a gente para, espera, e se diverte com as graças do nosso querido ciclista-palhaço.

JP – o carregador de alegrias
A Kiabin, nome da bike do JP, é que nem coração de mãe: sempre cabe mais um. Aliás, sempre cabe mais alguma tralha no imenso caixote que ela carrega no bagageiro. Mas se a Kiabin tem coração de mãe, o que falar do coração do dono dela? O João, mais conhecido como JP?! Ele pedala forte carregando uns 20 quilos no bagageiro. Tudo o que a gente não agüenta carregar ou não cabe na mochila, o JP carrega com ele sem reclamar. Quem pedala ao lado dele ganha, de brinde, uma excelente trilha sonora para a viagem além de momentos de muita alegria - que deve ser o segredo para ele carregar tanto peso sempre sorrindo, cantando e sem reclamar.

Laércio – o zen
O que eu mais admiro no Laércio é que ele pedala, pedala, pedala e continua com a mesma expressão, o mesmo tom de voz, a mesma serenidade. Ele já deve ter nascido pedalando, ao ponto que o ato de girar o pedal parece natural para ele. Ano passado ele sofreu um acidente e ficou um bom tempinho sem pedalar. O tempo suficiente para deixar muitas saudades. Por isso, pedalar novamente com ele é muito bom. É bom ter esse amigo zen pedalando com a gente de volta. Ah, e a Anita, nome da bike dele, registrou o único pneu furado de toda a viagem – só para não perder o costume, né Anita?!

Sarinha – a guerreira
A Sarinha entrou na estrada sem saber se agüentava pedalar até o próximo quilometro. Ela nunca havia entrado na estrada com a magrela, ela mora longe pra dedéu e teve que virar a noite em claro para conseguir chegar às 6h na Praça do Ciclista, ela estava com o joelho machucado, e mesmo assim aceitou o desafio. Nitidamente ela sofreu. Mas sofreu como uma guerreira determinada a ir até o final custasse o que custasse. E ela chegou, com a ajuda dos meninos-anjos da bicicleta, mas chegou. E voltou para São Paulo determinada a pedalar cada vez mais e viver novas cicloviagens.

Gláucia – a surpreendente
Eu não conhecia a Gláucia, Quando a vi na Praça do Ciclista pronta para encarar esta viagem, fiquei me perguntando se essa menina meiga e tranqüila realmente tinha noção da longa viagem que teríamos pela frente. Não sei se ela tinha noção, mas que ela agüentou firme, isso ela agüentou. E isso é o mais legal em pedalar com ela. Pois você chega a achar que ela é frágil demais para agüentar, e acaba vendo que ali existe uma ciclista surpreendente.

Lucas – o doido
O Lucas pedala como um doido. Do nada ele dispara e some. Some da vista de todo mundo, deixando a gente até preocupado. Quando fazemos a pausa para o descanso nos locais combinados, lá está ele, sossegado, tranqüilo, com a sua Caloi 10 de 1970, comendo algum lanche sinistro como pão com manteiga e bacon! Na última parada da viagem, chegamos lá e ele tinha acabado de “traçar” uma leitoa a pururuca. E ainda sobrou disposição para pedalar mais 40 km de muitas subidas e escuridão.

Giba – o amigão
O Giba é daqueles caras que não tem tempo ruim. Tudo parece estar sempre muito bom para ele – mesmo quando ele cai e abre o queixo, como em Sorocaba. Ele é daqueles amigões que pedalam do seu lado batendo um papo tranqüilo, te dá um empurrãozinho, conta uma história, te incentiva, empresta a bicicleta para você ir ao banco... Ele é tão alto astral que me arrisco a dizer que se alguém nessa viagem tinha pique para voltar pedalando, esse alguém era o Giba. Tenho certeza que ele não ia reclamar.

PC – o silencioso

Em toda a viagem devo ter ouvido a voz do PC umas três vezes. Não sei se é porque não pedalamos muito próximos ou porque ele é silencioso mesmo. Mas ele é tão quieto que é impossível de saber se em algum momento ele se cansou, ele queria parar, se estava curtindo... Em Piracicaba ele nem parecia cansado. Parecia o mesmo que 13 horas antes chegou na Praça do Ciclista se apresentando como “PC”. Talvez ele goste de pedalar como a própria bicicleta: no silêncio.

Guilherme – o emocionado
Pedalar ao lado do Guilherme é ouvir de 5 em 5 minutos um “que lindo!”, “que emocionante”, “que gostoso”... ele se emociona com tudo. Com o som, com o vento, com o sol, com o frio, com uma árvore, com uma paisagem... Essa foi a primeira cicloviagem dele e ele encarou como alguém que está descobrindo o mundo. Cada giro no pedal parecia uma nova descoberta para ele. No final da viagem ele era a alegria em pessoa. Emocionado com cada momento. Tenho certeza que essa foi a primeira grande experiência das muitas que ele terá a bordo de uma bicicleta.

Evelyn – a feliz
Feliz por ter vivido momentos tão lindos com pessoas tão especiais. Pedalar é tão humano, que nos permite se abrir para conhecer pessoas, histórias, lugares que complementam os momentos e fazem do ciclista que você conheceu há algumas horas atrás parecer um velho amigo de infância. Daria a volta ao mundo com essa galera – correndo o risco de morrer no meio do caminho de tanto dar risada!

Toni, Mig e Leandro:
Os anjos da guarda que madrugaram para nos acompanhar até a Rodovia e garantir um acesso seguro, tranquilo e bonito!

Na Rodovia dos Bandeirantes

Foto: JP Amaral

Eu subestimei a Rodovia dos Bandeirantes. Quando a Célia lançou a idéia de pedalarmos até Piracicaba eu pensei comigo: são 160 km, semelhante a Taubaté, mas provavelmente bem mais tranqüilo que a Ayrton Senna e com bem menos subidas que a Castelo Branco.

Doce ilusão.

A Bandeirantes tem subidas fortes do começo ao fim. Caímos nela no km 19 e a primeira parada foi no km 34. Este trecho é repleto de subidas longas, íngremes e com curvas. Os 40 km em seguida são mais sossegados, mas também com subidinhas cansativas, que fazem você chegar na próxima parada (km 72) com fome, sede e vontade de tirar um cochilo debaixo de uma árvore.

A terceira parada (oficial) foi só no km 125. Por isso os mais de 50 km entre uma parada e outro foram repletos de subidas intermináveis, cenários contrastantes e histórias malucas – como o seqüestro da bike da Célia.

O km 134 foi a despedida da Rodovia, numa retona deliciosa que te joga numa super descida para cair na Rodovia Luiz de Queiroz – essa sim, um verdadeiro eterno mix de subidonas, descidonas, subidonas, descidonas... Mas no final da viagem concluí: a Bandeirantes não é tão moleza como eu pensei. Aliás, arrisco que ela seja mais difícil que a Ayrton Senna e com certeza muito mais cansativa que a Castelo Branco.

Arrisco tanto dizer que ela é a rodovia mais difícil que já pedalei que até toparia encará-la novamente. Só para ter certeza que estou dizendo a verdade – ou não!

Movida a batata e granola

Padala, pedala, pedala, pedala... fome... muita fome! Parada pra descanso, fazer xixi, repor as energias: começa a sessão de barras de cereal, banana, chocolate, power gel (blergh!), tudo para repor as energias e retomar aquele gás e continuar pedalando.

São muitas as técnicas para se repor carboidratos e sais numa longa pedalada. Eu sempre fui adepta das barrinhas, castanhas e frutas secas, além de banana, para evitar cãibras. Nunca me senti fraca na estrada, mas sempre tive problemas em me alimentar e depois sentir muita sede ou ficar com uma vontade louca de comer algo bem salgado.

Para essa viagem até Pira recebemos uma dica valiosíssima de nosso amigo Mig: batata cozida! É impressionante, dá uma baita energia, repõe os carboidratos bem rapidinho e deixa qualquer power gel no chinelo! Cozinhei um quilo de batata na noite anterior, passei no sal e embrulhei. Durante a viagem tivemos batata pra repor as energias (e os sais) de todos em todo o trajeto.

Para complementar - pois nem só de batata vive um ciclista! - contamos com um pacotão de um quilo de granola da Zona Cerealista. Que granola sensacional!!! Somada à banana, mel... pronto! O resultado: ciclistas bem alimentados e gastanto muito pouco - ou nada - com alimentação em lanchonetes caras na beira da estrada!

De agora em diante já sei: cicloviajar movida a batata e granola - e alguns complementos que fazem das paradas um verdadeiro piquenique!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Chegou a vez de Piracicaba

O rio de Piracicaba

Uma vez alguém me falou que as pessoas tendem a gostar mais das cidades onde viveram enquanto cursavam a faculdade. Isso porque são nessas cidades que elas intensificam sua vida cultural, social, independente... No meu caso, essa teoria se aplica perfeitamente.

Cresci em Sorocaba e aos 17 anos mudei para Piracicaba para cursar a faculdade. Foi lá que aprendi a me virar sozinha, trabalhar, pagar as contas, fazer comida, faxina e, até mesmo, pedalar no trânsito! Foi lá que construí e descontruí muita coisa, conheci muita gente, me despedi de tantas outras e acumulei histórias e experiência que carrego comigo até hoje e me fazem ser quem eu sou. E a vida lá foi tão boa e intensa, que sempre achei que lá era a cidade da minha vida, onde eu ficaria para sempre e nunca precisaria ir embora.

Mas, também, numa cidade onde as pessoas tem orgulho te ser caipira, o som da viola é tão presente quanto o som do vento, as águas do rio parecem mover toda a cidade, os patrimônios históricos são belos e ocupados por uma sociedade que é uma mistura de jovens estudantes começando a vida, pessoas mais velhas que não quiseram sair dali e trabalhadores que chegaram lá no embalo do crescimento do setor canavieiro. A cidade é uma mistura, e as pessoas de diferentes jeitos e idades se misturam para ouvir seresta, comer peixe e apreciar o rio.

Toda essa poesia que me encantou não foi capaz de me manter por lá. Ainda assim ficaram lembranças de um tempo maravilhoso e uma vontade de, as vezes, retornar. Nesse sábado retorno a Piracicaba. Mas retorno do jeito mais especial que eu podereia retornar: de bike! Chegarei lá como a Evelyn que foi embora da cidade para tentar a vida em São Paulo, levou a bicicleta, começou a pedalar na cidade imensa, conheceu pessoas incríveis e especiais e agora retorna pedalando, como quem pedala em busca de sonhos mas também de lembranças.

Vou com amigos da Bicicletada até lá. Vamos pedalar 160 km para ver o "lugar onde o peixe pára" - esse é o significado da palavra Piracicaba. Chegaremos em época de Festa das Nações, uma festa sensacional que acontece no Engenho Central, antigo engenho de cana-de-açúcar que virou patrimônio histórico e concentra várias ações culturais da cidade. Na festa há barracas de diferentes países, com muita comida e bebida típica, shows de bandas locais e a alegria e jeitinho que só Piracicaba - e os piracicabanos - tem.

No domingo vamos fazer um "Piratour", levando o pessoal de São Paulo a conhecer alguns dos locais mais bonitos da cidade: o lago do bairro Santo Rosa, o bairro de Monte Alegre - que parece ter parado no tempo -, a Esalq, a B.O. (rua badalada da cidade!), sorvete da Paris (único no mundo!), o centro e a Rua do Porto. Um jeito lindo e prático de conhecer a cidade, mas que, tenho certeza, poucos já conheceram. Em Pira ainda predomina a cultura do automóvel. Lá o lindo é andar de carro. As pessoas usam carro para tudo. Até para andar uma quadra. Com isso, deixam de conhecer a cidade do jeito mais bonito de conhecê-la: com calma!

Essa viagem será privilégio - ainda - de poucos!

Sábado, 6h da manhã, saímos da Praça do Ciclista... Chegou a vez de Piracicaba!

sábado, 9 de maio de 2009

Meninas de bike


É lindo ver crescendo o número de bicicletas nas ruas da cidade. A cada dia sinto mais a presença delas. Elas estão por todos os lados, encostadas nos postes, transitando pelas ruas, avenidas, parques... Agora, o mais bonito nisso tudo é ver que essas bicicletas que ganham as ruas levam, cada vez mais, meninas.

Com tanta garota criando coragem e mostrando que a bicicleta é para todas, imagine o número de histórias e experiências acumuladas e que podem ajudar outras meninas a encararem o trânsito com as suas magrelas. Por isso, surgiu n lista da Bicicletada a idéia de realizar um pedal só de meninas. A proposta é reunir as garotas do pedal para um passeio - de bike, claro! - em que role troca de experiências e novas amizades.

O primeiro pedal já acontece neste domingo, com saída às 10h da Praça do Ciclista (Av. Paulista x Consolação), perto do Metrô Consolação. Por ser um domingão, a bike é permitida no metrô. Então, mesmo aquelas meninas que ainda não encaram longas distância, podem levar a magrela no vagão e seguir com a turma até o Parque do Ibirapuera. Companhias para a volta certamente não vão faltar.

No Parque vai rolar um piquenique com muito bate-papo e idéias para os próximos pedais. Mas, atenção (!), o rolê é de garotas, bem no estilo "luluzinha". Os marmanjos poderão comparecer, formar o grupo deles, seguir no trajeto deles no "clube do bolinha" e se somarem às meninas no piquenique no Parque.

Vai dizer que não é gostoso essa brincadeira de luluzinhas x bolinhas?! De bike então, deve ser divertidíssimo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cena bonita

O trânsito estava intenso na volta para casa. Mesmo assim, os carros pareciam respeitar mais. Abriam frestas nos pequenos vãos, não buzinavam, na ultrapassavam dando finas. Não entendia bem o que estava acontecendo, mas estava bom demais e, até mesmo, acreditei que algo está mudando na cidade.

Segui no embalo gostoso do vão livre entre os carros. Apesar da pressa necessária para resolver pendências, não quis me apressar. Estava muito bom. Na primeira - e única - subida do trajeto, subi tranquilo. Pedalando devagarinho ao ponto que parar em todos os semáforos. Seguia devagar, sem o desepero de passar antes do semáforo fechar, sem parar na faixa de pedestre. O trânsito estava humano.

Numa dessas paradas, a mais demorada de todas, estava eu no meio dos carros e uma menininha linda caminhava na calçada. Ela vestia uniforme de escola e estava de mãos dadas com os pais. O pai do lado esquerdo, a mãe do lado direito e ela no meio, quase sumindo, dando os passinhos leves e pequenos de uma criança.

Eu olhei pra ela e ela olhou pra mim. Ficamos assim, alguns segundos trocando olhares. Até que eu acenei. Ela parou e soltou da mão da mãe. A mãe tentou segurar a mãozinha pequena da filha novamente, mas a menina recusou. Recusou e começou a acenar para mim. Os pais se viraram para a rua e sorriram. Também começaram a acenar para a ciclista parada entre os carros.

O farol abriu, eu segui em frente acenando para a família que se despedia de mim, como se disessem, "vá com Deus", "boa sorte".

A cena foi linda, fez o dia ser especial.

Fico agora me perguntando: o que será que passava na cabeça da meninha enquanto nos despedíamos?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Caminhos


Quando se anda de bike a gente vive a matutar sobre as melhores e piores opções de caminhos para se chegar a determinados lugares. As teorias são variadas: caminhos com menos subidas, caminhos mais curtos; caminhos com menos trânsito, com mais árvores, mais pássaros, mais flores, menos poluição...

Eu sou adepta da teoria que o melhor caminho é aquele que a gente sabe. Mas, de bike, costumo me dar muito mal com isso, pois os caminhos que eu conheço costumam ser os mais longos, movimentados e com muitas subidas. Fazer o que?! A cidade é gigante, cheia de atalhos - e labirintos - que fica facinho de se perder. Aí prefiro os caminhos mais convencionais - entenda aqui aqueles que foram criados para os carros parados nos congestionamentos do final de tarde.

Logo que comecei a pedalar até o trabalho o caminho que eu conhecia era horroroso, além de perigoso. Eu passava por ruas e avenidas movimentadíssimas, com faixas de ônibus, muitos carros, a minha "descordenação motora" e com direito a calçadas e contra mão. Era o estresse total, mas era o caminho que eu conhecia e eu preferia seguir a já habitual teoria. Até que, na Bicicletada, conheci o Leandro Valverdes que virou um verdadeiro padrinho e me traçous uma rota de ida e outra de volta de casa para o trabalho. Foi a minha salvação.

O caminho da ida era muito mais tranquilo, um pouquinho mais longo, mas um milhão de vezes mais agradável - com direito a árvores e pássaros cantando. A volta era também bem mais tranquila no quesito trânsito, mas puxada nas subidas. Aliás, acho que foi com esse trajeto que aprendi a ser um pouquinho mais corajosa com subidonas. Só um pouquinho, pois ainda tenho pavor de subidonas.

Com o tempo, o vai e vem pelo mesmo caminho foi ficando enjoativo e alguns dias eu tinha uma baita preguiça de voltar pra casa pedalando, só de pensar nas subidas da Vila Madalena. Aí criei coragem, mudei minhas teorias e conceitos e comecei a me arriscar em ruas estranhas ao meu limitado guia mental de ruas paulistanas. Descobri ruelas, becos e também outras ruas movimentadas, mas mais planas e "sem traumas".

Hoje, depois de criar umas quatro opções de caminho de ida e umas seis opções de caminho de volta minhas pernas parecem girar no piloto automático. As vezes saio de casa ou do trabalho sem pensar no caminho e de repente, do nada, percebo que escolhi um caminho aleatoreamente. É legal que consigo fazer caminhos conforme o meu humor, a minha pressa, a minha disposição, a minha tpm (!).

Independente da opção de caminho do dia, todas elas são mais rápidas, mais alegres e mais vivas que qualquer outro meio de transporte. Como é bom ter caminhos para se escolher e no final todos eles resultarem no mesmo prazer! Acho que é por isso que eu nunca mais vou conseguir ser adepta do uso diário de um veículo motorizado.