segunda-feira, 30 de março de 2009

Uma Bicicletada resumida em uma breve conversa

Foto: Luddista

"Quer ganhar um cestinho para essa sua bike? Tenho um sobrando em casa". Logo que apareci na Bicicletada com a minha Caloi Terra Piracicabana, recebi este presentaço do Cuevas, nosso amigo chileno mais conhecido como XupaKavraz. Aquela oferta já sinalizava para mim o espírito da Bicicletada e, claro, aceitei o cestinho na hora!

Daí pra frente a minha relação com a bicicleta mudou. O cestinho, mais que dar um charme no pedal, quebra galhos absurdos. Leva a mochila, as compras, os livros e as flores! Houve uma única condição para que eu ganhasse o cestinho: aparecer na Bicicletada com ele carregado de flores.

Prometi e cumpri. Na Bicicletada de julho lá estava eu, a magrela piracicabana, o cestinho e as flores – que me fizeram conhecer a feira de flores do CEAGESP e criar um ritual quase religioso de comprar flores quase todas as sextas de manhã. Promessa cumprida, o que é que eu ia fazer com aquele montão de flores na cesta? Resolvi entregá-las aos motoristas, que aguardavam (im)pacientes a Bicicletada passar.

Acho que essa foi uma das idéias mais felizes que já tive. Pude ver rostos emburrados se transformarem em sorrisos, pude ouvir incentivos daqueles que eu achava que só teriam insultos para uma ciclista no trânsito, pude ver crianças estenderem os bracinhos pela janela e pedir uma flor, pude ver vida florida entrando nos carros parados na imensidão do trânsito.

Daí pra frente ganhei a fama de “menina das flores”. Toda Bicicletada lá estava eu com o cestinho cheio de flores, panfletinhos para serem entregues junto às rosas e margaridas, explicando o que é a Bicicletada. E eram mais sorrisos, mais palavras, mais vida e ao final de cada Bicicletada levava comigo pequenos gestos, pequenas frases que tornavam tudo aquilo ali mais alegre. Era até uma maneira de acreditar que é possível ciclistas e motoristas viverem em harmonia.

Em dezembro troquei de bicicleta. Chegou a Serafina pronta para agüentar as minhas novas aventuras. Mas, ela não tinha cestinho. Pior, ela tem suspensão e por isso é preciso um cestinho que seja preso somente no guidão. Resolvi ficar só com o bagageiro e acreditei que a Bicicletada estava crescendo tanto que já havia muitos outros cestinhos capazes de carregar flores e panfletos.

Doce ilusão. Pode até ser que surgiram outros cestinhos, outras flores, outras intervenções. Mas, para mim, a Bicicletada passou a ter um certo vazio. Não havia mais os sorrisos, os olhares, o sonho de acreditar na harmonia do trânsito... além disso, surgiram os problemas das brigas, intrigas, discussões com os motoristas que foram me deixando injuriada. Ao final das Bicicletadas de janeiro e fevereiro me vi chegando em casa com algumas reclamações, estresses, etc e tal.

Eis a decisão: vou colocar cestinho na Serafina, custe o que custar. E custou. Comprei um cestinho lindo, fofo e caro, mas que pode ser removido a qualquer instante, tem alcinha e eu carrego comigo até mesmo quando não estou com a magrela,e o melhor: que carrega flores, muitas flores...

Voltei para esta Bicicletada ansiosa e com 120 rosas no cestinho. Foi sensacional e especial. Pois ouvi coisas tão legais, ganhei beijos e abraços da molecada na rua, ganhei tantos sorrisos, que tinha vontade de ficar a noite toda entregando flores para a cidade. Num certo momento, entreguei uma rosa para um casal de idosos dentro de um carro e junto entreguei um panfletinho escrito “Onde você quer viver?”. Falei para eles “aí tem um textinho pra vocês refletirem sobre que tipo de cidade vocês querem viver”. A senhora, no banco do passageiro, sorriu e me respondeu de pronto: “mas eu já sei em que cidade eu quero viver. Quero viver na cidade que você vive!”.

A resposta dela valeu a minha Bicicletada do mês.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Essa sexta tem BICICLETADA

arte: Psiqueira

Vamos celebrar o mês da mulher e todas as mulheres que diante de tantas adversidades e preconceitos saem às ruas e usam esse espaço a fim de se locomover com seu frágil meio de transporte não motorizado, tanto para trabalhar, estudar, passear ou apenas humilhar alguns marmanjos dentro de suas "latas motorizadas"!!!

Claro vamos também celebrar a todo cidadão que gosta de usar transportes não motorizados e todos são bem vindos pedestres, cadeirantes, patinadores, eskeitistas, ciclistas urbanos ou esportivos, venha e participe da festa!

O local?
O mesmo de sempre, Praça (ainda não sinalizada) do Ciclista, que fica no canteiro central da Avenida Paulista, entre as ruas da Consolação e Bela Cintra
(
Mapa) .


O horário?
O mesmo de sempre, concentração a partir das 18:00 e saída às 20:00.

O trajeto?
Como sempre, decidido na hora, mas sempre um trajeto que seja possível para toda a massa.


Apareça e confira.
Em caso de chuva, a Bicicletada está automaticamente CONFIRMADA, pois quem pedala sabe que depois da tempestade vem o ar limpo, pelo menos por algumas horas.

Saiba mais:
Bicicletada = Massa Crítica em São Paulo
Sexta-feira (27/03) - Sempre a ultima do mês!
Concentração lúdico-educativa: 18h
Massa Crítica para humanizar o trânsito: 20h00
Dicas e referências


Sobre a Bicicletada

terça-feira, 24 de março de 2009

O rio que clama por vida


É possível pedalar em São Paulo ao som do vento, dos pássaros e dos grilos, com vento na cara, garoinha fina caindo gostosa nas costas, cheiro de mato, de flor e... do Rio Pinheiros: Bem vindo à Operação Pomar!

Entre as margens do Rio Pinheiros e a beirada dos trilhos da linha Esmeralda da CPTM há uma ciclovia pronta, só falta colocarem uma placa lá dizendo que ali é uma ciclovia. O trajeto pode te levar de Interlagos até o Ceagesp (antigo Ceasa), sem interferência de carros e com direito a capivaras descansando pelo caminho.

Além disso, pedalar por ali é se aproximar um pouquinho mais do Rio Pinheiros e ver – e sentir – o estrago que fizeram no rio que corre ao contrário, que está sujo, fedido e poluído e, ainda assim, abriga a vida de plantas e animais que lutam contra toda essa degradação.

Nas duas cidades em que morei no interior do Estado, sempre me chamou a atenção a relação que a população tem com o rio que passa pela cidade. Em Sorocaba, os moradores se orgulham de ver a recuperação do Rio Sorocaba, os peixes reaparecendo, as águas clareando. Em Piracicaba, então, nem se fala! O Rio Piracicaba, tema de canção, parece ser a roldana que move toda a cidade. As manifestações artísticas e culturais, a gastronomia, a história... tudo gira em torno do Rio.

Agora, em São Paulo, quando olho para os rios Pinheiros e Tietê, tenho a sensação de que eles foram vítimas de uma cidade que se esqueceu de suas águas. Afinal, quem é que foi que sujou tudo aquilo ali? Fomos nós, oras. Pedalar beirando o Rio Pinheiros é como olhar para o próprio umbigo e pensar “poderia ser perfeito, se não fosse a nossa gana e obsessão por desenvolvimento, sem levar em conta que ali havia um rio com vida, muita vida”.

Ao mesmo tempo, estar ali é ter mais vontade de olhar para a cidade e querer vê-la sempre melhor. É se perguntar: “como posso ajudar?”. É ter a clara noção de que uma São Paulo mais viva, mais humana é possível e isto nem é tão difícil assim. Como primeiro passo sugiro: pegue a sua bicicleta e conheça a sua cidade. Um outro olhar é sempre possível. Talvez você até descubra que ali, no meio dos carros, do cimento e do desenvolvimento, existe um rio que clama por vida.

Fotos da "Operação Pomar" estão no: http://picasaweb.google.com.br/EvelynAraripe/OperacaoPomarPedalandoEAprendendo

sábado, 21 de março de 2009

Reciclando as idéias

Olhe bem para esta bicicleta da foto.

Agora me diga: você acha que ela é nova ou usada?!

Independente da resposta, certamente você não respondeu que ela é reciclada. Ou melhor, é uma RECICLETA.

O procedimento é bem simples: saia por aí, entre nas bicicletarias e pergunte se o bicicleteiro não topa te dar tudo o que ele consideraria lixo ciclístico. Depois, visite alguns ferro-velhos e se surpreenda com a quantidade absurda de peças de bicicleta jogadas fora que você vai achar por lá.

Peças - muitas peças - reunidas, é só começar a juntar uma com a outra e você verá nascer da junção de 5, 6, 7, 10, 15 bicicletas... uma recicleta. Vale a pena comprar uma tinta e pintar o quadro. Pronto, ela está novinha em folha e pronta para circular por aí!

Esse processo simples que eu acabei de relatar é exatamente o que passou pela cabeça de uma galera de Sorocaba e foi colocada em prática. Hoje o Projeto Recicleta está a todo vapor, garantindo bicicletas novinhas para a molecada da cidade, gastando apenas a grana das tintas. É sustentabilidade em dose dupla, já que estamos falando de um meio de transporte que não polui e que saiu do lixo, ou seja, resíduos a menos no meio ambiente e peças que não precisaram ser produzidas novamente.

Mas, a boa idéia não pára por aí. Lembram quando eu falei do programa "Caminho para a escola"? Aquele que as crianças vão para a escola de bike, guiadas por um monitor? Então, estas crianças não precisaram pedir aos seus pais para comprarem bicicletas para elas pedalarem até o colégio. Elas participaram de uma oficina, entraram numa van, recolheram pela cidade tudo o que era sucata ciclística que elas encontraram, montaram suas recicletas e saem esbanjando saúde, bem estar e criatividade pelas ruas e ciclovias sorocabanas.
Se não bastasse isso, elas continuam juntando as sucatas e criando outras recicletas. No meio do ano elas vão entregar 400 recicletas para uma comunidade de quilombolas no Vale do Ribeira. Dá orgulho ver essa garotada engajada, animada e cheia de vontade para criar e incentivar outras pessoas a pedalarem... de recicleta, claro!

No mais, é impressionante ver a prática que eles adquiriram para montar as bikes e lidar com as peças. Não vou me assustar se um deles um dia chegar em casa e falar: "pai, mãe, quando eu crescer quero ser bicicleteiro... de recicletas!"

Tá aí mais um exemplo de que as boas idéias podem estar nas coisas mais simples, é só observarmos com mais sensibilidade. Seria isso uma reciclagem de idéias?!


A molecada faz a festa com as recicletas


terça-feira, 17 de março de 2009

Entre o céu (da bike) e o inferno (do trânsito)

Hoje foi um daqueles dias corridos e malucos de trabalho. Desde o momento que pisei na minha sala até a hora de ir embora, não vi a luz do dia. Ao longo da tarde ainda consegui ouvir o barulhinho da chuva e por uns 5 minutos, apenas, o barulhão das águas que caiam lá fora. Nada de mais, pensei, exceto pela chateação de ficar alguns instantes sem energia elétrica.

Tudo me parecia normal. Quando terminei as minhas coisas resolvi dar aquela espiada nos sites de notícias para ver se tinha acontecido alguma coisa interessante durante o dia. Aí vi que o Clodovil morreu e que... São Paulo havia sido tomada pelo caos! A chuva alagara a cidade, parou o trânsito - novidade! -, recorde de congestionamentos, árvores derrubadas, veículos arrastados...

Meu Deus do céu... aonde estava essa chuva que eu não vi passar?! Provavelmente, ela não chegou aqui para as minhas bandas!

Doce ilusão - ou percepção de uma garota desligada! Foi colocar os meus pezinhos no mundo lá fora, realmente, a cidade estava o caos. Muitos lugares sem energia elétrica, semáforos desligados, luzes apagadas e carros... muitos carros. Eu ali de bicicleta no meio daquela imensidão de veículos parados me sentia no céu. Parecia que os sons das buzinas e dos motores, ao longo do trajeto, se transformavam em sinfonia com o meu movimento em meio ao trânsito hiper congestionado.

Por um instante até conseguia sentir os olhares das pessoas paradas dentro de seus carros me seguindo, como se quisessem estar ali, no meu lugar. A chuva, que agora caia fina, era doce, suave e parecia me empurrar pelos pequenos corredores ao longo da maré motorizada.

Entre esse pedalar delicioso, levando o mesmo tempo de sempre para chegar em casa, e o caos, vi cenas de muito estresse: carros cruzando um na frente do outro, como se avançar dois metros e parar novamente no congestionamento os fizessem ganhar muito tempo; pessoas se apertando nos pontos de ônibus; árvores caídas... o caos.

E enquanto eu atravessava deslizando no meio desta mutidão apavorada, ouvi uma voz gritar de dentro de um carro: "isso é que é meio de transporte!". Olhei para trás, procurando o autor do grito. Não achei. Apenas sorri e segui pedalando.

Pensei comigo: "isso aqui é o céu"!

Porque será que as pessoas presas dentro dessas máquinas ainda não perceberam isso?!

domingo, 15 de março de 2009

Ser nu no trânsito

Pedalar no trânsito paulistano é fogo. É o congestionamento, a falta de infra-estrutura, os buracos, os perigos e, principalmente, a falta de respeito. Essa semana me vi em duas situações deprimentes. A primeira foi com uma senhora – detalhe: com uma criança dentro do carro –, que após me fechar e buzinar para mim numa curva, não aceitou a minha “chamada de atenção”, me mandou tomar naquele lugar, disse que lugar de bicicleta é no Ibirapuera e que eu andava num meio de transporte de pobre (!). A segunda foi a fechada fenomenal que um ônibus me deu na Rua dos Pinheiros, que senti minha espinha tremer de ponta-a-ponta.

A sensação que essas situações dão é total falta de proteção. É uma insegurança que faz eu me sentir nua no trânsito, despida de qualquer tipo de segurança, abrigo, que me faça ter certeza que chegarei sem nenhum arranhão em casa.

Aí, o engraçado de tudo isso é que exatamente quando anunciamos que vamos pedalar pelados, o mundo todo parece olhar para nós, os ciclistas pelados.

Hoje a tarde, a Praça do Ciclista estava tomada por jornalistas, policiais, curiosos... tudo para ver os 400 ou 500 ciclistas que apareceram por lá para participar do World Naked Bike Ride, a Pedalada Pelada de São Paulo. A proposta: chamar atenção para os ciclistas no trânsito, protestar contra o consumo absurdo de combustíveis fósseis, celebrar o corpo, a vida, a felicidade, a bicicleta...

E chamamos a atenção. Parece que, de repente, como num passe de mágica, todos passaram a nos olhar, nos enxergar, como se fossemos tão gigantes quanto o congestionamento de carros no trânsito de São Paulo. De um lado a imprensa nos mirava com suas câmeras, erotizando a ação. Do outro lado a polícia, nos mirando como se fossemos obscenos e quiséssemos atentar a algum pudor... Me pergunto se para ver pessoas peladas não basta ligar a televisão no horário nobre e assistir as cenas mais absurdas de erotismos, machismos e obscenidades. Como se obsceno não fosse essa poluição diária, causada em grande maioria pelos veículos, esse trânsito caótico que deixam as pessoas malucas e doentes – como a mulher que me xingou, como o motorista de ônibus que quase me matou... – como se obsceno não fosse a corrupção, a fome, a (falta de) educação...

Mas nem imprensa, nem polícia, ninguém conseguiu estragar a festa. Foi lindo! Anunciamos um trajeto e no meio do caminho nos dispersamos em pequenas massas de cinco, dez, quinze ciclistas e nos encontramos em outro lugar. Bem mais calmo, bem menos banalizado, onde pudemos continuar com a nossa mensagem, invadir as ruas da cidade, cantando, gritando, sorrindo, pelados, seminus, vestidos, mas, pedalando. Pedalando e chamando muita atenção.

Por onde passávamos, havia gritos, comentários, perguntas, curiosidades, buzinas, fotos...

Quem me dera se todos os dias eu fosse enxergada desse jeito! Será que preciso ficar nua no sentido literal para ter um espacinho um pouquinho maior nesse trânsito?

Bom, ao menos, pedalar pelada não é nada mal!!!


Fotos no: http://picasaweb.google.com.br/EvelynAraripe/WNBRPedaladaPelada#

Tinha imprensa (Foto: Isaac Akira)

Tinha polícia (Foto: Isaac Akira)

Tinha ciclistas... (Foto: Isaac Akira)

... pedalando pelados!

quinta-feira, 12 de março de 2009

A filha doente

Não deve haver nada mais angustiante para uma mãe ou um pai do que ver o filho doente. Ver aquela coisinha tão amada, tão querida, sofrendo deve ser doloroso demais.

Pois acho que estou me sentindo assim estes dias.

A Serafina chegou em dezembro do ano passado, numa época em que não fazia planos de comprar outra bike, pois já estava investindo na passagem e nas economias para a Alemanha. Mas, as outras duas bicicletas que eu tinha - batizadas como Sorocabana e Piracicabana, de acordo com o local de nascença de de cada uma - já estavam "fraquinhas" para as aventuras que eu comecei a me meter.

Por exemplo, tentar descer para Santos - e voltar pedalando para São Paulo - numa Caloi Terra Piracicabana não foi muito saudável. Nem para mim, e nem para a magrela de Piracicaba. A coitadinha, no final da viagem, após mais de 150 km pedalados, estava um bagaço, detonada, só com três marchas dando sinal de vida.

O resultado, foi um puxão de orelha do bicicleteiro, dizendo que eu devia ser louca ou, no mínimo, não percebia que eu aparecia na bicicletaria a cada 15 dias para arrumar algum probleminha - ou problemão - nas minhas bicicletas. Enfim... fui convencida a fazer um leve "upgrade", que não me custaria muito (com a venda das duas bicicletas caipiras) e não atrapalharia as minhas economias para a viagem alemã.

Eis que chegou a Serafina!!!! Uma Scott usada que ficou um ano e meio parada, sem sair do lugar, encostada em algum canto, de alguma garagem, em algum prédio em São Paulo. E ela chegou para me encher de alegrias e de preocupações.

Nas primeiras semanas, o câmbio dela insistia em desregular. De arrumação em arrumação, revisão em revisão, o câmbio resolveu ficar em seu devido lugar. Maravilha!

Eis que o pneu resolveu furar - a Caloi Terra em mais de dois anos nunca furou um pneu, a Sorocabana só uma vez e na estrada -, agora essa magrela amarelinha me resolve furar o pneu parada no bicicletário do serviço? Muito abusada!

Mais uns dias, estou eu pedalando na Faria Lima e o câmbio resolve ir para o espaço de vez. Soltou um parafuso maluco, e lá vai eu ficar a pé a uns 6 km de casa... o negócio foi empurrar a Serafina...

Mas, todos esses perrengues me faziam amar e odiar a Serafina. E eu coloquei na minha cabeça que faria essa bicicleta deixar de ser fresca e temperamental e rodar esse mundão todo! Até que nos entendemos!!!

Em clima de harmonia, partimos para a nossa primeira cicloviagem: carnaval em Sorocaba!! E no caminho, pof... a pancada no carro parado no acostamento. Na hora, acho que fiquei mais preocupada com a bicicleta do que comigo mesma, mas visivelmente ela estava bem, um pouco desregulada com a batida e um tanto quanto estranha. Imaginei que o garfo dela tinha entortado. Dos males, me parecia o menor. Depois disso, até pedalei uns 200 km com ela.

Então, chegou a hora de encostá-la para uma super revisão. Afinal, a batida tinha sido forte e eu sabia que a Serafina estava machucada. Ferimentos leves, pensei... para ela ficar feliz, ainda mandei colocar um cestinho nela e aí poderíamos pedalar carregando flores!

A internação durou 5 dias! Já estava morrendo de saudades. Eis que me liga o rapaz da bicicletaria:

- Já está pronta, pode vir buscar...

(ebaaaaaa)

- ... mas tem um probleminha...

(aiiiii)

- ... não foi o garfo quem entortou, foi o quadro. O negócio é grave, não adianta tentar arrumar , então é bom você pensar em trocar esse quadro num futuro bem próximo...

Pronto! Matei a Serafina! Na minha cabeça, trocar o quadro é quase a mesma coisa que trocar de bicicleta.

Passei estes dias consultando bicicleteiros, amigos ciclistas... o quadro do quadro é dasanimador! A parte que amassou é muito delicada e tentar arrumar pode comprometer ainda mais o quadro.

Desde então, estou com a sensação de ter uma filha doente. Cada pedalada me parece uma judiação. Fico achando que ela não vai aguentar, que o quadro vai partir a qualquer momento... procuro mais opiniões, mais sugestões... mas pelo que já ouvi, o negócio vai ser trocar o quadro mesmo.

Um amigo me falou que o quadro é a alma da bicicleta...

Teria um pai coragem de "transplantar" a alma do seu filho?!

Ando meio agoniada com isso.


A Serafina na Praça do Ciclista - ainda em nosso momento de harmonia
A amassada no quadro

E outros machucadinhos do acidente

quarta-feira, 11 de março de 2009

Tão nu quanto você ousar



No próximo sábado, 14 de março, milhares de pessoas em dezenas de cidades do hemisfério Sul (e algumas do hemisfério norte) sairão às ruas em mais uma jornada do World Naked Bike Ride [1] [2], a Pedalada Pelada mundial.

Para despertar consciências, promover a visibilidade dos ciclistas, questionar os padrões ultrapassados de mobilidade ou simplesmente para aproveitar o prazer entre as pernas (a bicicleta) e celebrar o espaço público, a pedalada pelada também acontecerá em São Paulo.

Na página paulistana do wiki planetário, links para relatos, fotos e vídeos da pedalada pelada de 2008 na capital.
Abaixo, algumas notícias e vários vídeos das “peladadas” em várias cidades do mundo.
Bruxelas - [vídeo]
Copenhagen / Christiania - [vídeo]
Coruña - [vídeo]
Curitiba - [relato e foto]
Lima - [vídeo]
Londres - [vídeo]
Madrid - [vídeo]
São Paulo - [vídeo]
Tessalônica - [vídeo]
Washington - [vídeo]
Zaragoza - [vídeo]
(Copiado e colado do Apocalipse Motorizado)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Invasão das bicicletas e das saias

Imagine a situação: domingo de manhã, você acorda, pega o seu carro, vai comprar pão na padaria – incrível como algumas pessoas ainda têm o hábito de usar o carro até pra comprar pão! –, comprar o jornal na banca... de repente... uma invasão de bicicletas aparece na sua frente, bloqueando o semáforo e você, ali, parado, dentro do seu carro, tendo que esperar a multidão ciclística passar.

Aí você repara nas bikes passando, passando, passando... peraí! São todas mulheres?!! A invasão das bicicletas de repente se torna uma invasão de mulheres em suas bicicletas! Que loucura!

Pois é. A situação acima pode parecer coisas da imaginação, mas tenho certeza que muitos motoristas a presenciaram, ao vivo e a cores, na manhã deste último domingo, Dia da Mulher - data linda, fofa, que mulheres ganham flores, chocolates, perfumes cartões e pedalam!

O “Saia na Noite”, grupo de mulheres que pedalam as terças a noite em São Paulo desde 1992, organizou uma pedalada do Dia Internacional da Mulher que mostrou que bicicleta também é coisa de mulherzinha, mulherzona, mulherão e, até mesmo, de homens que pedalam “no embalo” da mulherada! 120 mulheres e suas bicicletas compareceram na manhã do domingo ensolarada para encarar uma pedalada de mais de 20 km. A cena era linda. Quem via de dentro do carro, do ônibus, ficava boquiaberto. Pedestres na calçada gritavam “Parabéns”, “Feliz Dia da Mulher”, “Também quero pedalar”... Era, realmente, contagiante.

Desde que comecei a pedalar em São Paulo observo como tem aumentado a presença das bicicletas nas ruas. Em todos os cantos é possível ver alguém pedalando, alguma bicicleta amarrada num poste... mas o mais legal é que muitas dessas pessoas, que encaram o trânsito e a cidade com as suas magrelas, são mulheres.

A super presença feminina na pedalada deste domingo comprovou que bicicleta é para todas! Havia mulheres de todas as idades que pedalam com finalidades muito diferentes, por lazer, pela saúde, como meio de transporte no dia-a-dia... Mas, pedalam e adoram pedalar. O calorão de derreter não foi empecilho em nenhum momento. Era uma celebração de alegria, companheirismo, força e amizade. Era um belo exemplo de que as bicicletas estão invadindo São Paulo, e elas vêm acompanhadas de saias, muitas saias!


Mais fotos no: http://picasaweb.google.com.br/EvelynAraripe/DiaDaMulherSaiaNaNoite

A mulherada invadiu as ruas com as suas bicicletas


O calorão não foi problema para elas

O pelotão de frente

Parabéns meninas pelo lindo exemplo

sexta-feira, 6 de março de 2009

O culpado

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas, acho que gosto de viver em São Paulo. Nos dias que fiquei em Sorocaba, no Carnaval, começou a me bater uma saudades da agitação, do movimento, do excesso de opções de lugares para ir e de coisas para fazer, da minha casinha num predinho escondido numa rua hiper movimentada, dos cenários, dos cheiros... enfim. Voltei cheia de saudades, querendo pedalar pelas ruas, ver o movimento, ver os contrastes, as culturas... voltei achando a cidade tão linda.

Nos dias que seguiram também tive a oportunidade de curtir passeios gostosos, como o de domingo na exposição de bikes antigas na Luz e a feira da Kantuta. Fui ao Ceagesp sentir o cheiro das flores, comi pastel e até consegui curtir um "happy hour" no varejão de quarta a noite do Ceagesp - que parece uma feira misturada com uma quermesse! Me senti vivendo a cidade de um jeito que eu gosto de viver.

Passei toda a semana nesse "encantamento" com a cidade. Fiquei até pensando na possibilidade de conhecê-la melhor, pegar a bicicleta e chegar a lugares mais distantes que ainda não cheguei, vivê-la mais e, quem sabe, me encantar ainda mais. Zona leste? Sul? Norte???? Tudo, tudo, tudo... acho que todos os cantos da cidade deve haver algo diferente, inusitado e curioso para se descobrir.

E foi com esse encantamento, de menina apaixonada pela cidade, que hoje, após o trabalho, peguei um trem superlotado, desci numa Barra Funda tomada por pessoas que andam umas empurrando as outras e olham para o chão, como se faltasse coragem de olhar para a frente ou, até mesmo, para os olhos do outro, e comprei minha passagem para Sorocaba - que por sinal subiu o preço, se antes já achava R$18 caríssimo, R$20 então... absurdo!

Passagem comprada. Eram 18h55, o ônibus estava marcado para sair às 19h10. Fiquei lá, encostadinha esperando. Ás 19h10 chegava o Cometa, mas não o que eu iria embarcar. Era o carro de quem comprou a passagem das 18h40!!!!! Como assim??!! Você compra uma passagem de ônibus para sair num determinado horário e o ônibus só aparece meia hora depois???

A resposta: "a culpa é do trânsito".

Fiquei mais chocada ainda quando soube que o ônibus que "deu as caras" às 19h10 havia saído de Sorocaba às 16h. Ou seja, ele levou mais de três horas para percorrer 100 km. "A culpa é do trânsito". Outra resposta comum: 'isto é São Paulo"!

Nos minutos que se passaram, minha cabeça ficava pensando "a culpa é do trânsito", "isso é São Paulo", "a culpa é do trânsito", isso é São Paulo"... isso foi me enchendo de indignação, raiva, cansaço, e já me via detestando São Paulo de novo, detestando as pessoas que andam com a cabeça baixa, que se trancam dentro dos carros e ficam paradas por horas e horas no trânsito, sem pensar que elas fazem parte de toda essa loucura... a culpa era delas de eu estar alí em pé, cansada, esperando um ônibus parado no trânsito e que demorava séculos para chegar.

O ônibus partiu às 20h. Quase uma hora atrasado. Eu estressadésima. Sentei na minha poltrona, inclinei o banco e pensei "agora vai". Esqueci do trânsito da volta. Marginal parada, o ônibus mais lento que uma tartaruga... comecei a achar que se eu fosse pedalando até Sorocaba seria mais rápido e sensato (e eu não ficaria estressada e economizaria os absurdos R$20 da passagem).

Enfim, o ônibus chegou em Sorocaba! Quando minha mãe me perguntou porque tinha demorado tanto, óbvio que a resposta foi "a culpa é do trânsito...". Mas, foi aí que caiu a minha ficha! Descobri o motivo que me faz não gostar de São Paulo: o tal de trânsito. Que deixa as pessoas cansadas, estressadas, frias e distantes, uma odiando a outra sem saber que todas fazem parte de tudo aquilo ali. E se cheguei ao ponto de, por alguns instantes, me encantar com a cidade, deve ser pelo fato de eu ter escolhido um outro jeitinho de viver (e me locomover) nela: pedalando. Aí não fico experimentando esse estresse todo que paira em torno dessa imensidão de veículos parados... E quando experimento, ai que raiva que me dá!

Agora, quando alguém me falar que não gosta de São Paulo, que a cidade é estressada, agitada, as pessoas são frias, tristes, etc e tal, eu vou responder: "a culpa é do trânsito".

quinta-feira, 5 de março de 2009

Domingo é Dia da Mulher e dia de... PEDALAR

Para as mulheres adeptas ao estilo de vida saudável há uma ótima opção de comemoração ao Dia Internacional da Mulher: pedalar pelas ruas paulistanas. O “Saia na Noite”, primeiro grupo de ciclistas mulheres do Brasil, realiza no próximo domingo (08.02) uma pedalada pela capital paulista para comemorar o Dia da Mulher e chamar atenção para o aumento do número de ciclistas na cidade, principalmente do sexo feminino.

Para participar é preciso levar 2 kg de alimento não perecível ou itens de higiene pessoal, que serão doados ao Lar dos Idosos Madre Teodora. As 100 primeiras mulheres a chegar ganharão um kit com camiseta, caramanhola e uma surpresa. Os homens também podem participar, desde que acompanhados de uma mulher – e da bicicleta – e com as doações.

A concentração será às 10h na Ofner da Av. 9 de Julho com a Rua João Cachoeira, no bairro do Itaim. As inscrições das participantes começa a partir das 9h.

Sobre o Saia na Noite
Criado em 1992 por um pequeno grupo de mulheres que já praticavam o ciclismo em São Paulo, o “Saia na Noite” reúne todas as terças a noite mulheres com um gosto em comum: pedalar. São mulheres de todas as faixas etárias que usam a bicicleta para passear, trabalhar e até mesmo viajar. Juntas, elas dão dicas umas as outras sobre bicicletas e trocam experiências sobre o pedalar na cidade.

Site:
www.saiananoite.com.br

quarta-feira, 4 de março de 2009

Como nos "velhos" tempos

São Paulo deve ter algumas boas dezenas de grupos que se reúnem para pedalar (veja: http://www.wde.com.br/bike/passeios.htm). Antes de desencostar minha magrela e sair pedalando pelas ruas e avenidas paulistanas já reparava essa movimentação, principalmente no período da noite. Tem passeios para todas as idades, gostos e gêneros.

A meu ver, o que difere a Bicicletada destes grupos é que o encontro de ciclistas na última sexta-feira do mês não visa fazer um passeio. A Bicicletada é como um manifesto, que chama a atenção para as bicicletas, mostra que nós também somos parte do trânsito, não somos invisíveis e a nossa escolha da bicicleta como meio de transporte trás uma série de benefícios para toda a cidade.

Foi isso que sempre senti desde o dia que apareci por lá há oito meses atrás (meu Deus, como passa voando!!!).

Mas, entre junho do ano passado – minha primeira Bicicletada – e a última sexta de fevereiro de 2009, o movimento cresceu assustadoramente. Foi tudo muito rápido. Costumo brincar que nas bicicletadas eu tenho a impressão de que os ciclistas vão brotando do chão. Eles surgem do nada e no final desaparecem na mesma velocidade que apareceram. É impressionante!

Ver a Bicicletada crescer é lindo, emocionante. Mas, óbvio, tem os seus problemas. O crescimento acelerado trás muitas pessoas maravilhosas na busca do mesmo ideal e também algumas pessoas que chegam no embalo, sem saber bem o que acontece e o que estão fazendo ali. São estas últimas que chamo de “maçãs podres”.

As maçãs podres são aquelas pessoas que quando pedalam sozinha são quietas, tímidas e, até mesmo, reprimidas. Quando juntam-se à multidão de ciclistas e suas bicicletas parecem ganhar força para descontar sua ira no trânsito, nas pessoas, nos carros e depois se infiltrar no meio da massa que segue pedalando.

Oras bolas! Acredito que estamos ali para fazer a diferença e não para reproduzir toda a violência do trânsito que já somos submetidos todos os dias. Se eu xingo um motorista, obviamente que estou dando o espaço para ele me xingar. Se chuto, cuspo ou risco um carro, estou dando a mesma liberdade para ele passar por cima de mim quando eu estiver pedalando sozinha.

A última Bicicletada foi linda pela quantidade, mas não pela qualidade. Infelizmente tivemos alguns ocorridos tanto de violência de ciclistas para com os motoristas e de motoristas para com os ciclistas que ofuscaram a beleza de ver tantas bicicletas reunidas – tem gente que fala em 300, 400... Eu acredito que tinham mais de 500 bicicletas ali.

Com isso também foi ofuscado o tema da última bicicletada (PAZ), a comemoração da atual (3 anos de Praça do Ciclista), os gritos, os panfletos, as bikes erguidas na massa crítica... foram ofuscados, mas não passaram despercebidos.

Agora restou o momento de reflexão e ação. Como fazer a Bicicletada crescer com qualidade, seguindo os seus objetivos e ideais?

Vamos respondendo juntos.
Enquanto isso, já estou colocando cestinho na Serafina para na próxima Bicicletada aparecer com ele carregado de flores e panfletos a serem entregues aos motoristas. Como nos velhos – nem tão velhos – tempos.

Invasão das Bicicletas - acho que éramos uns 500 (Foto: Luddista)

Até o Miranda participou da Massa Crítica (Foto: Luddista)

Como nem tudo são flores... atropelamento e problemas com a polícia (Foto: Luddista)


Relatos, Fotos e vídeos:
http://www.bicicletada.org/Bicicletada_Fev2009

ELA

- “Como se si chama?”
- “Eu me chamo Evelyn e você?”
- “Lalissa”

Esse foi o nosso primeiro diálogo.

Você era uma nenenzinha bochechuda, com a carinha toda suja e usava uma fralda já bem gasta e fedida. Eu era uma garota recém-chegada na cidade, ainda assustada e a procura de um lugar onde me sentisse útil e pudesse ajudar. Assim, cheguei até você e a outras 20 crianças que possuíam um olhar que parecia dizer “me ame, por favor,”.

E amei. Amei você e todos aqueles pequenos como se fossem algo muito meu, algo que eu não conseguiria me desfazer jamais. Sofri com e por vocês. Também brinquei, dei risada e voltei a ser criança junto a vocês. Ouvi segredos, ouvi histórias e dei tudo de mim, até me sentir sugada, mas querendo dar mais, sempre mais.

De tanto querer dar tudo o que tinha e não tinha em mim, você, a mais pequenininha entre todos, se agarrou a esse amor como se fosse a sua maneira de ser forte. Com certeza você não vai lembrar, mas, você acordava logo que eu chegava e só tomava o seu leitinho no meu colo. Você também gostava de dormir depois do almoço comigo cantando pra você. Claro, sobrava para eu ter que trocar as suas fraldas, dar banho e dar broncas. De repente, já estávamos tão próximas uma da outra, que nossas vidas se interligavam. Não sabia mais viver sem pensar em você, passar um dia longe de você, e foi por isso que resolvi te levar para passar um final de semana comigo em Sorocaba.

Quando fiz isso, fiz porque te queria perto de mim. Sabia que um dia eu poderia estar longe e, talvez, nem te visse mais – e como doía pensar nessa possibilidade. Só não imaginei que quando te levei para Sorocaba, estava, na verdade, levando a minha irmãzinha para casa.

Agora, quando olho para você, às vezes nem lembro de tudo o que passamos. Nem me lembrava do nosso primeiro diálogo. Você mudou tanto a vida da casa, o ar, a harmonia, que parece que tudo começou desde o dia em que você chegou. Em fevereiro fez três anos que você chegou em casa, mas parece que você sempre esteve ali para alegrar as nossas vidas e dar uma razão a mais para nos alegramos todos os dias.

Claro que, como irmãs, já temos nossas briguinhas, nossas birras e nossas graças, e sei que estou em dívida contigo porque te dei uma bicicleta e até hoje não te ensinei a andar nela direito!

Mas, o que eu quero te dizer é que já não sei mais o que seria da minha vida sem você. Seu abraço e o seu sorriso fazem tudo ficar muito mais lindo. Apesar da distância, aprendo a te amar cada dia mais. Se antes era você quem parecia depender do meu amor, agora sou eu quem já não sei mais o que seria de mim sem o teu. Obrigada por me fazer tão feliz!


Ah, e prometo que vou te ensinar a andar de bicicleta ainda este ano!

Você pequenininha, em 2003 - primeira viagem com a família Araripe


Com a mamãe, no dia em que foi para casa - pra ficar pra sempre!!!!

Você hoje! Parece uma mocinha e está quase do meu tamanho (como se isso fosse difícil!)